ATA
DA SEPTUAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
NONA LEGISLATURA, EM 29.11.1988.
Aos
vinte e nove dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e oitenta e oito
reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre, em sua Septuagésima Segunda Sessão Solene da Sexta Sessão
Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a homenagear o Clube de
Regatas Guaíba-Porto Alegre. Às dezessete horas e quinze minutos, constatada a
existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e
convidou os Líderes
de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes.
Compuseram a Mesa: Ver. Artur Zanella, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal
de Porto Alegre, no exercício da Presidência, neste ato; Sr. Hélio Ribeiro de
Oliveira, Presidente do Clube de Regatas Guaíba-Porto Alegre; Sr. Heinz
Schultz, Presidente do Conselho Deliberativo do Clube de Regatas Guaíba-Porto
Alegre; Sr. Ilo Carlos Lanzer, Secretário do Conselho Deliberativo do Clube de
Regatas Guaíba-Porto Alegre; Sr. João Antonio Dib, ex-Prefeito de Porto Alegre;
Ver. Hermes Dutra, autor da proposição e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A
seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Ver. Hermes Dutra que, em nome
da Casa, dizendo ser dever desta Casa catalizar as datas importantes para o
Município, discorreu sobre o Clube de Regatas Guaíbas-Porto Alegre, o mais
antigo do Brasil, sobre seu significado e sua tradição dentro do esporte de
vela e de remo em nossa Cidade. Comentou que a idéia primeira dessa homenagem
partiu do Sr. João Antonio Dib, presente na Casa. Após, o Sr. Presidente
convidou o Ver. Hermes Dutra a proceder à entrega do Troféu Frade de Pedra ao
Sr. Hélio Ribeiro de Oliveira, Presidente do Clube de Regatas Guaíba-Porto
Alegre, e concedeu a palavra ao Sr. Ilo Carlos Lanzer, Secretário do Conselho
Deliberativo do Clube de Regatas Guaíba- Porto Alegre, que agradeceu a presente
homenagem. Em continuidade, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à
solenidade, comunicou que este Legislativo colocará uma placa no Clube de
Regatas Guaíba-Porto Alegre pela passagem de seu centenário, convidou as
autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada
mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezessete horas e cinqüenta e
quatro minutos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser
realizada às dezenove horas. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Artur
Zanella e secretariados pelo Ver. Hermes Dutra, Secretário “ad hoc”. Do que eu,
Hermes Dutra, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.
O SR.
PRESIDENTE: Estão abertos os trabalhos da
presente Sessão Solene.
Em nome da Casa falará o Ver. Hermes Dutra, Líder do
PDS, autor do Requerimento que deu origem a esta Sessão. Com a palavra S. Exa.
O SR.
HERMES DUTRA: (Menciona os componentes da
Mesa.) Srs. da Diretoria do Clube de Regatas Guaíba-Porto Alegre. Esta Sessão
tem algumas justificativas e vários significados. A justificativa maior da
Câmara de Porto Alegre fazer uma reunião formal com inserção nos Anais com uma
Sessão Solene para homenagear os 100 Anos do Guaíba-Porto Alegre, na verdade
significa e justifica a realização desta Sessão é que a Casa de Porto Alegre
tem que ser, obrigatoriamente, a ressonância da Cidade, porque, se assim não
for, ela não estará sendo autêntica, porque os que aqui labutam vêm pela força
do voto popular e nos 33 Vereadores desta Casa está a representação da Cidade.
Então, a Casa tem a obrigação de ser a caixa de ressonância de ser o elemento
catalisador de tudo o que diz respeito a esta Cidade. E das muitas coisas que
Porto Alegre tem, uma delas, sem dúvida nenhuma, é o nosso clube de Regatas
Guaíba-Porto Alegre que, neste ano de 1988, está comemorando 100 anos de
existência. E, infeliz da cidade que deixasse passar 100 anos de uma entidade
voltada sempre para o amadorismo, para o despertar de valores, para oportunizar
a que as pessoas mostrem o desempenho que têm na prática dos remos,
principalmente. Infeliz da cidade, cuja Câmara não se voltasse para a
comemoração de uma data tão significativa. Tem significado também, como eu
dizia, Sr. Presidente, esta Sessão, porque esta Casa tem mais de 215 anos de
história que os Anais registram e, se hoje os senhores forem à Biblioteca da
Câmara, e quiserem ver o que dizia o pai de Bento Gonçalves, aqui, que foi
Vereador nesta Casa, os Anais da Câmara registram. Então, ela tem o significado
de deixar para a história a palavra da Casa e do homenageado, para que quem
sabe, quando se comemorar o bicentenário do Guaíba Porto Alegre alguém vá fazer
uma pesquisa nos Anais da Casa e veja que, nos 100 anos, a Câmara não ficou omissa.
Este é um dos tantos significados que esta Sessão tem. Devo dizer também que o
inspirador desta Sessão não foi este Vereador, na verdade, sou apenas um
instrumento, posto que a idéia de sua realização partiu do nosso amigo, e amigo
do Guaíba Porto-Alegre, João Dib, hoje Vereador, e que a partir do dia 1º de
janeiro estará aqui ocupando esta tribuna. A idéia da realização da Sessão foi
dele. Já lá pelo mês de outubro, quando dizia que não poderíamos deixar passar
o ano – como ele só viria para ver esta homenagem – sem fazermos esta
homenagem, a qual me associei imediatamente e a Casa homologou-a, com a decisão
unânime dos seus Vereadores. Devo fazer também, para registro histórico, uma
breve alusão ao que significa, ao que é o nosso homenageado de hoje. Na
verdade, o nosso Guaíba-Porto Alegre, que nós hoje comemoramos 100 anos, não
tem 100 anos dessa denominação. Ele é fruto da associação de duas instituições,
que eu não vou dizer o nome, porque o meu alemão é meio brabo. Então, os
senhores me perdoem, mas resolvi não falar no nome da segunda entidade – andei
até dando uma ensaiada antes de vir para cá – porque é um nome alemão, e eu
tenho uma dificuldade danada de pronunciar algumas palavras em alemão.
Perscrutando algumas coisas sobre o Guaíba Porto Alegre, encontrei um
pensamento de Goethe, mas é alemão e, por mais que tentasse, não consegui, até
o decorei, mas, para não submetê-lo a uma pronúncia um tanto criminosa da
língua de Goethe, eu também vou omitir aquela frase que, pelo que li, está
ainda escrita na história do Guaíba- Porto Alegre. Mas, na verdade, eram duas
entidades: uma até mais antiga, feita lá pelos idos de 1892, 1893, que se
fundiram pela metade, quando se passava a metade da metade do século, pela
década de 30, dando as duas entidades deram origem ao que hoje se denomina
Clube de Regatas Guaíba-Porto Alegre, que não fora a trajetória de sucesso e
muitas vicissitudes – vou falar delas mais adiante -, muitas dificuldades,
também, bem como a trajetórias de glórias que tem, para nós tem um significado
que é o de ser o Clube de Remo mais antigo do Brasil, sediado aqui, na nossa
Porto Alegre, que, até historicamente, não tem uma tradição muito voltada para
esse tipo de esporte, que é o remo. Porque, notadamente, no Rio de Janeiro,
principalmente, com os grandes clubes, as grandes baías, as grandes
facilidades, maiores, inclusive, que as que aqui existem para esse esporte, e
que me lembrava o nosso amigo Dib, quando eu fui chamado a falar, e que é
necessário já se iniciar aqui o início de uma tentativa de chamar a atenção de
quem competência tiver para se voltar os olhos para a prática do remo. Hoje, se
não relegada a um segundo plano, mas não tendo o apoio que merece, que deveria
receber por parte das autoridades. Quando houve a fusão das duas instituições
que foi precedida daquelas reuniões normais de uma e de outra, inclusive com a
preocupação de garantia dos direitos dos sócios, com a definição das cores e
das bandeiras, havendo praticamente uma fusão na acepção das palavras, em que
se fundiram os sócios, se fundiram as bandeiras, resultando na atual que está
hoje ali ao lado das bandeiras do Plenário, dando origem ao Clube de Regatas
Guaíba-Porto Alegre, mas precisamente às 17h30min do dia 28 de novembro de
1936. Mas lá já tiveram o cuidado, aqueles que proporcionaram esta fusão, de
dizer que a data de fundação do clube que surgia desta fusão, seria a data de
fundação do antigo Ruder, clube de Porto Alegre, que era 21 de novembro de
1988, que se fundiu com outro, dando origem ao nosso GPA. Andei pedindo ao seu
Lanzer, que é uma das molas vivas do Clube, ao lado de tantos companheiros de
diretoria, que me proporcionassem alguns dados para que eu pudesse registrar
nos Anais, e lendo, a gente, aqui na Câmara, o Vereador passa por situações, as
mais diversas, seja nos trabalhos normais, nas homenagens, nas sessões comuns,
nas sessões especiais, na análise dos problemas de Porto Alegre e com o tempo
vai adquirindo até uma familiaridade com algumas coisas desta Cidade. Me lembro
(sic) que homenageávamos a Associação Comercial de Porto Alegre, também
centenária e muitos dos nomes que coletei para falar em nome do meu Partido,
muitos dos nomes que tiveram força, que colaboraram na criação da Associação
Comercial os enxerguei de novo aqui quando da relação da primeira diretoria,
daqueles pioneiros que há cem anos iniciaram aquelas tímidas tratativas para
ter um clube, e cujas discussões se voltavam para arranjar dinheiro e fazer
subscrições e comprar um barco, comprar guarnições pelas vultosas quantias de
um mil réis, dois mil réis... Então, eu não vou ler o nome de todos os
associados, fundadores daquele 21 de agosto, mas quero registrar aqui, Sr.
Presidente, a primeira diretoria do nosso homenageado de hoje 100 anos
que foram comemorados há exatamente 8 dias, composta por Balduino Röhrig, Julio
Issler, Fernando Ingwersen, Otto Hasche, Luiz Koehler, John Day, Gustavo
Knoblauch, H. Schwerin, A. Voelker, C. Goeden, Julio Issler Filho, A. Schütt e
Felix H. Kessler – me perdoem a pronúncia, repito, mas devo este registro, pois
disto não posso fugir, tenho de citá-lo -, que lá, há 100 anos e 8 dias se
reuniram e dali tiraram a idéia de fazer um grande clube, que veio a se
constituir, de forma definitiva, na grandiosidade que é, quando houve a outra
fusão com a outra sociedade, dando origem ao atual Clube de Regatas
Guaíba-Porto Alegre.
Sr. Presidente, Srs. Diretores, sócios do
Clube de Regatas Guaíba-Porto Alegre, tenho para mim, e falo com absoluta
autoridade, porque não sou praticante do Clube, e então, quando a gente elogia
aquilo que não faz, se tem autoridade, tenho para mim, que a prática do remo,
afora o aspecto do desenvolvimento físico das pessoas, tem um outro significado
que também é importante que se registre nos dias de hoje, assim como o bolão,
assim como outros esportes, ele é, fundamentalmente, um elo de ligação e um elo
de formação de família. Tenho certeza de que ao longo desses anos aqueles
remadores, pais de remadores, amigos de remadores, seus familiares, membros da
Diretoria do Clube de Regatas formaram uma única família em termos do
desenvolvimento do amadorismo, aliás, que não recebe do poder público um olhar
condigno para aquilo que ele representa. Aliás, quando nós vimos, assistimos as
grandes potências nas Olimpíadas a disputar com seus atletas, a conquistar
medalhas e mais medalhas de ouro, às vezes até olhamos, até com um pouco de
inveja, confesso que a mim não surpreende, porque nós não podemos querer ter um produto final de excelente qualidade se não há
investimentos na fábrica que produz, que dá esse produto final que são os
nossos atletas. E quem são estas fábricas no País inteiro? São nossos abnegados
Clubes que investindo recursos que muitas vezes não têm, dedicando tempo e
trabalho que muitas vezes faz falta à própria família do dirigente de Clube,
conseguem com esforço sobre-humano, com muito pouco auxílio, muitas vezes com
nenhum auxílio, elevar um atleta, uma guarnição, uma equipe a um campeonato
brasileiro ou a um campeonato sul-americano e até mesmo a um campeonato
mundial. Então, não me surpreende a baixa performance do Brasil nas disputas
internacionais. O que me revolta sim, é a falta de atenção do Governo para um
setor tão importante para a formação de nossa juventude. Tenho certeza que se
os clubes recebessem por parte do Governo, particularmente, estes clubes que se
dedicam à prática do amadorismo puro, na acepção da palavra, os nossos jovens
teriam mais opções, teriam mais o que fazer e, certamente, muitos não estariam
pelas esquinas, muitas vezes a fumar cigarros que não são vendidos em
tabacarias ou em bares, e sim estariam se dedicando a aprimorar o seu físico e
ao mesmo tempo conquistar galardões para sua Cidade, para seu clube, para seu
Estado e para o seu País. Mas no Brasil as coisas são assim mesmo. Aqueles que
se dedicam por filantropia, que se dedicam por benemerência ou idealismo, a
estes são sempre relegados a um segundo plano. Agora, aos que se
profissionalizam, que usufruem, e que muitas vezes, até se locupletam, a estes
os olhares são bondosos e a ajuda, na maioria das vezes sai com muito mais
facilidade do que era de se esperar.
Como disse, Sr. Presidente, não pratico o remo, mas
fico a imaginar, e hoje quando lia a história do Guaíba-Porto Alegre, vendo
suas dificuldades na construção de sua sede, no envio de atletas para
participar de disputas estaduais, brasileiras ou internacionais fico a imaginar
que não é diferente este esforço que faz a direção do Guaíba-Porto Alegre do
esforço que fazemos nós outros que atuamos na área do escotismo, da educação,
da filantropia, que, também, em maior ou menor escala encontramos as mesmas e
muitas vezes, maiores dificuldades. E reconhecer o esforço de quem se dedica a
este trabalho é uma obrigação de quem tem um mandato popular. Me lembro e até
ousaria dizer, e perdão, se estivesse a praticar uma heresia, mas acho que o
remo já passou por melhores momentos. Pelo menos se noticiava, se via notícias,
na televisão em maior número e minutos de imagens, em maior centrimetragem de
jornais, notícias sobre a prática deste esporte. Hoje, tem-se a impressão que
houve uma redução. Mas houve uma redução de quem pratica o remo, de quem
incentiva o remo, ou o que houve na verdade foi até mesmo, quem sabe, uma certa
decepção pela falta de apoio, pela falta de incentivo. Sabem V. Exas, o que
custa mandar um atleta, uma equipe para fora do nosso Estado? Já nem falo numa
competição sul-americana, pan-americana. Não é pura e simplesmente sair do
nosso Estado, custa dinheiro isto. E de onde os clubes tiram dinheiro? Tiram
dos seus abnegados associados, cuja diretoria passa dia e noite trabalhando,
incompreendida na maioria das vezes, pois quem trabalha neste País é
incompreendido. Quem gasta seu tempo sem nada fazer de produtivo, este encontra
espaço em tudo e em todos, e é tido sempre como bom. Mas, aquele que se dedica,
que trabalha, que se esforça, este é um eterno incompreendido. Parece que é uma
saga maldita que tem o nosso País, pois as pessoas que se dedicam às coisas
boas, sempre alguém encontra um óbice, ou é a panela que está dirigindo o
clube, é o grupo de fulano, de beltrano. E o grande objetivo, que é levar à
juventude formas de praticar o esporte saudável, como é o remo, na verdade é
deixado de lado.
Então, fico a imaginar, e me solidarizar com
o trabalho que faz a Diretoria do Clube de Regatas Guaíba-Porto Alegre.
Quero, por fim, Sr. Presidente, deixar para que os Anais registrem o nome completo da atual direção da entidade, a direção do centenário, a direção que teve a felicidade de estar no poder durante o ano que o Clube comemorou os seus 100 anos. O clube, hoje, tem como Diretores os Senhores Luiz Alberto Motta, Cláudio Muller, Luiz Mário Blotta Guilhon, Anastácio Pinto Ferreira. Como Tesoureiro, o Sr. Ricardo Wojcik, 1º Secretário, Waldemar Willy Ruebensan; Secretário-Geral, Günter Sauter; Vice-Presidente da Ilha, Audelino Bonelli; Vice-Presidente de Esportes de Terra, Germano Adolfo Paulo Schulz; Vice-Presidente Patrimônio, Cláudio Muller; Vice-Presidente Social, Eswamin Antônio Pagliarin; Vice-Presidente Esportes Náuticos, Maurício Sauressig; Vice-Presidente Geral, Alvani Aimoré Rosa da Silveira; Presidente, Hélio Ribeiro de Oliveira e, com muita honra, junto com o Presidente do Conselho Deliberativo, Heinz Schultz, compõe a nossa Mesa dos trabalhos no dia de hoje. Quero também, Sr. Presidente, fazer uma menção muito especial ao Sr. Ivo Lanzer, Secretário do Conselho Deliberativo que se nota, pelo seu jeito de ser, pela forma com que fala, com o orgulho que sente pelo seu Clube, ser também um dos grandes batalhadores do nosso Clube de Regatas Guaíba-Porto Alegre. Devo lhes dizer, por fim, que me sinto muito feliz por ter sido, mais por uma questão de destino e menos por conviver com o remo e com os senhores, o instrumento de realização desta sessão. Afinal de contas, o trabalho de um Parlamentar, nesta Casa, se mede por tudo que ele faz e tive a felicidade e a alegria, por obra e graça do nosso amigo, ex-Prefeito, João Dib, de poder incluir, dentre os trabalhos que fiz neste Poder Legislativo, nesta Legislatura que se encerra, esta Sessão Solene pelos cem anos de nosso Clube de Regatas Guaíba-Porto Alegre, na certeza absoluta de que estou fazendo o que a Cidade me determina que faça, que é a determinação e exaltação de seus valores, valores expressos na sociedade, nas entidades e pessoas que, fazendo sua história, fazem a história da nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Hermes Dutra
que faça a entrega ao Sr. Hélio Ribeiro de Oliveira do Troféu Frade de Pedra,
que traduz o apreço da população porto-alegrense a todas as pessoas que, de
alguma forma, prestam serviços à comunidade. Historicamente, traduz a
hospitalidade rio-grandense, uma vez que representa o símbolo da fraternidade e
boas-vindas.
(O Sr. Presidente lê os dizeres inscritos no
Troféu Frade de Pedra.)
(É feita a entrega do Troféu Frade de Pedra.)
(Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Sr.
Ilo Carlos Lanzer, Secretário do Conselho Deliberativo do Clube de Regatas
Guaíba-Porto Alegre.
O SR. ILO
CARLOS LANZER: Prezados companheiros do
meu Clube; Ver. Artur Zanella, presidindo os trabalhos desta Sessão; Sr. Hélio
Ribeiro de Oliveira, Presidente do Clube; Heinz Schultz, Presidente do
Conselho; meu querido Dib, que todos nós conhecemos. Este momento é de elevação
especial para nós, principalmente aqueles que labutam naquele nosso Clube há
muitos e muitos anos. Inicialmente, queremos agradecer especialmente ao Dib
pela sua magnífica lembrança e ao Hermes pelas belíssimas palavras proferidas e
queremos dizer que são momentos como estes que são o maior prêmio de todo
aquele que trabalha apaixonado e desinteressadamente pelo esporte amadorista do
Brasil. Faltou-nos citar, ainda, para
inserção nos Anais desta nossa Egrégia Câmara, o nome da nossa querida Rainha, que eu deixei para falar num
momento especial, Cristiane Plagianin. A situação que vivemos atualmente neste
nosso querido País, cabe, também, uma homenagem toda especial aos políticos da
Nação brasileira e, em especial, no momento, aos nossos Vereadores, porque ser
político, na nossa conjuntura nacional brasileira, é como trabalhar no GPA:
encontram-se lá as mesmas dificuldades que eles encontram aqui. E essa
comparação serve, também, para o País, porque o Brasil, embora queira crescer
ordenadamente, não tem conseguido. Mas, ele vem crescendo, quer queiram ou quer
não queiram; este País será grandioso, daqui a muito pouco tempo. Eu comparo o
Brasil sempre a uma criança, que nasceu e quer crescer. Se colocarmos sobre a
cabeça dessa mesma criança um peso tal que ela não possa crescer para cima, ela
vai crescer para os lados, para a frente e para trás. Ninguém vai segurar isso.
E o que acontece com este País e esse paralelo eu traço com o nosso GPA. Só que
as dificuldades que encontramos no Clube de Remo são um pouco diferentes das
encontradas pelos Vereadores na política e pela criança, que teria que carregar
uma pedra sobre si. Lá nós encontramos as dificuldades que são encontradas em
qualquer organização social, em qualquer clube, num momento difícil porque
atravessamos. Mas venceremos isso. Aqueles moços que, em 88, fundaram a nossa
casa, procuraram, através daqueles 13 jovens, um local onde eles pudessem
conviver e extravasar o sentimento de amizade que tinham uns pelos outros,
amizades essas iniciadas já nos bancos escolares e continuada depois nas
sociedades da época, como o Leopoldina, Sociedade Germânica e outras poucas.
Mas, eram momentos tão poucos e eles sentiam tanta necessidade, já naquela
época, da confraternização e do amor fraternal. Então, um daqueles jovens que
havia vindo da Alemanha, o Alberto Bins, trouxe de lá uma idéia nova para um
Clube de Remo e fundamos, então, um Clube de Remo para praticar esporte e
extravasar mais a nossa amizade, para vivermos mais conjuntamente e dar vazão a
esse sentimento de amor que a gente já está sentindo falta.
Então, fundaram o Ruder, em Porto Alegre e este
clube iniciava numa garagem, para apenas dois barcos. Mas acontece que o Clube
foi crescendo. Então, ele foi transferido para a Voluntários da Pátria e ali
ele continuou a crescer e teve necessidade de um espaço maior para poder ser
por outros visitado e também foi feita a construção de um cais. Com o progresso
da Nação, nos jogaram mais para diante. Sempre mais adiante. Mas aqueles moços
conseguiram colocar dentro daquele Clube o que vem sendo trazido até hoje: o
amor, a necessidade do extravasamento da alma e da fé. Quando sinto pressões
externas ou sofremos dificuldades financeiras sempre lembro disso.
Mas já em 1893, o espírito daquela moçada era
tão forte que uma idéia nasceu e um grupo de amigos resolveu se retirar
espontaneamente, em Porto Alegre, para fundar um novo Clube de Remo para a
difusão daquele esporte. E fundaram o Verind-Verrein que era um segmento
paralelo. Aliás, entre 1906 e 1910 foram fundados vários clubes.
Em janeiro de 1936, por uma necessidade que parecia
predestinada, o Guaíba retornou ao Porto Alegre de onde havia saído
espontaneamente, nos juntamos e formamos o Guaíba-Porto Alegre.
Quero dizer que esta é a parte mais
dignificante de como nasceu aquele Clube maravilhoso, trazendo até nós, hoje,
por gerações e gerações aquele mesmo espírito da fundação. E esta é a alma
maior que o Guaíba-Porto Alegre trouxe comigo, porque, nós aceitamos, desde a
fundação, desafio após desafio, quanto maior ele for, mais nos dá a
oportunidade de trabalharmos em função daquilo que a gente tem que agredir, que
são, às vezes, as contrariedades, e tudo aquilo que não sai bem, como a gente
quer e, então, nos dá prazer combater isto através deste desafio magnífico que
nos foi lançado desde a fundação.
Senhores, o que o Guaíba Clube vem fazendo pelos
moços da nossa Capital, e servindo, mesmo, de exemplo para o nosso Brasil, é
altamente dignificante porque, nós lá usamos até hoje, ainda, o espírito
essencialmente amadorista. Por baixo de uma camiseta que aquele moço veste numa
regata pulsa um coração com sangue vermelho e azul, porque assim é a veia do
indivíduo – o sangue venoso e o intravenoso -, e esse sangue mexe com a fibra
do atleta que, quando sai da raia, se ele não conseguiu ganhar, vai abraçar o
adversário, porque ele soube perder com dignidade. Este é o exemplo que a gente
tem procurado dar, através dos tempos, a todos aqueles que nos têm admirado. E
conseguimos, com isto, conquistar a dignidade e o respeito dos próprios
adversários, por maiores que sejam eles nas suas qualidades físicas ou de
tamanho ou de grandiosidade. Nós não somos um clube grande, mas somos um grande
clube, por este significado.
Senhores, nós queremos, nesta oportunidade, agradecer especialmente a oportunidade que a Câmara de Porto Alegre nos proporciona para vir aqui com o coração aberto e, simploriamente, dizer que a nossa responsabilidade, após os 100 anos, triplicou ou quintuplicou – não encontro palavras para expressar o esforço que teremos de fazer, daqui para frente, para legar aos nossos sucessores muito mais respeito, muito mais dignidade, muito mais amor, que é o que falta muito na nossa querida Pátria e, oxalá, este sentimento gepeano consiga extravasar as fronteiras da nossa Casa e transmitir a muita gente dentro deste nosso querido Brasil o que precisa acontecer, daqui para a frente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Dizia oVer. Hermes Dutra que esta Casa representa os anseios,
os problemas e os sonhos de Porto Alegre, e representa também, como Capital,
tudo isto em relação ao Rio Grande do Sul. Esta Casa tem enfrentado problemas,
greves, têm Sessões, violentas, têm Sessões tensas, têm Sessões tranqüilas;
amanhã estaremos mais uma vez aqui discutindo o problema dos funcionários
públicos municipais, isto deverá ocorrer ainda durante um longo tempo, mas
junto com estas Sessões mais tensas, nós sempre temos a satisfação de
participar de Sessões Solenes, principalmente, que nos trazem alegria, e ao
menos para mim é um revigoramento nas pessoas. Nós, com tantas desilusões que
temos, às vezes encontramos as entidades que nos trazem novamente a confiança
num trabalho comunitário. Me parece que este é o caso de hoje em que uma
entidade comemora os seus 100 anos na Câmara Municipal de Vereadores. Nós
queremos em nome dos Srs. Vereadores, do Sr. Presidente, que infelizmente não
pode estar aqui presidindo e eu o represento como 1º Vice-Presidente, dar um
abraço e cumprimento todos os senhores. Dr. João Dib também apresenta uma nova
idéia que creio, levado ao conhecimento do Sr. Presidente Brochado da Rocha,
será efetivado, que é o oferecimento pela Câmara Municipal de Porto Alegre de
uma placa que será colocada na sede do GPA como uma homenagem da Câmara Municipal
ao GPA no seu centenário. Isso, seguramente, nós faremos, para que possamos
todos nós, alguns conhecer e a outros rever aquela sede lá no Parque Náutico
que simboliza a pujança e a força deste Clube. Agradecendo a presença do Sr.
Hélio Ribeiro de Oliveira, Presidente do Clube Regatas Guaíba-Porto Alegre, do
Sr. Heiz Schultz, Presidente do Conselho Deliberativo do Clube de Regatas
Guaíba-Porto Alegre, do Sr. Ilo Carlos Lanzer, que é o Secretário do Conselho
Deliberativo, do Dr. João Antônio Dib, ex-Prefeito de Porto Alegre e agora
novamente Vereadores desta Cidade, agradecendo a presença de todos, damos por
encerrada a presente Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 17h54min.)
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